Paquistão começa a enfrentar onda de estupros contra crianças

Imagem: Divulgação
Em um vilarejo entre as plantações de arroz do Leste do Paquistão, duas irmãs adolescentes tomaram uma trilha lamacenta rumo à escola. Horas depois, estavam mortas, seus corpos deixados à beira de um pântano depois de terem sido estupradas e baleadas várias vezes, segundo a autópsia. Na manhã seguinte, suas mortes foram notícia em todo o país, as últimas de uma onda de crimes sexuais contra menores de idade.

Durante gerações, falar de estupro era tabu nesta sociedade muçulmana e conservadora. Há uma década, a notícia sobre as adolescentes dificilmente teria saído da região delas. Mas graças a uma imprensa mais livre – e aos esforços de defensores dos direitos de crianças e adolescentes para conscientizar famílias a denunciar esses crimes – o número de casos sob investigação está aumentando, assim como a revolta dos pais, da opinião pública e de grupos de direitos humanos.
No mesmo dia de setembro em que as irmãs foram mortas nos arredores de Gujranwala, o corpo de uma garota de 13 anos foi encontrado em uma praia de Karachi. Ela também fora estuprada e morta a caminho da escola. Uma semana antes, uma menina de 5 anos foi estuprada várias vezes depois de sequestrada. Depois, foi deixada do lado de fora de um hospital de Lahore.
Em um mesmo dia (20 de setembro) o jornal “Express Tribune” noticiou o suposto estupro de um garoto de 4 anos pelo diretor de sua escola em Faisalabad e outros dois casos: outro menino de 4 anos e uma menina de 14. A jovem havia sido violentada por quatro homens durante dois dias.
Reação popular
Cada caso levou mães a delegacias para exigir execuções. Em Karachi, estudantes mulheres saíram às ruas com cartazes com desenhos de forcas. No Nordeste do país, mais conservador, legisladoras tentaram bloquear estradas em Peshawar.
Ativistas notam que este tipo de violência está longe de ser incomum no Oriente Médio, mas dizem acreditar que a atenção da imprensa se deve, em parte, ao fim do monopólio do governo sobre a mídia eletrônica em 2002. Em Punjab, a província mais populosa do Paquistão, houve extensa cobertura em 2010 e 2011 sobre um estuprador que atacou oito crianças, lembrou Muhammad Imtiaz Ahmed, gerente de programa da Sociedade Paquistanesa para a Proteção dos Direitos da Criança.
Ameaça dentro de casa
Assim como em outros lugares, a maior ameaça aos menores no Paquistão é o risco de abuso cometido por parentes ou conhecidos num país onde as famílias são numerosas.
Ativistas estimam que só 10% dos casos de estupro no Paquistão levam a condenações. A deputada Saman Sultana Jafri quer defender uma legislação mais rígida, com punições mais duras, campanhas voltadas para menores, recursos para tratamento de saúde mental e um estudo bancado pelo governo para entender o que está causando os ataques contra crianças e adolescentes. Segundo ela, uma lei do tipo deve demorar anos para ser aprovada devido à influência de líderes religiosos – no mês passado, o conselho de líderes islâmicos ligado ao Legislativo decidiu que provas com base em DNA não podem levar a uma condenação em caso de estupro.
Apesar disso, ativistas defendem que a cobertura jornalística torna mais difícil que o governo ignore o problema. Em Gujranwala, o comandante da polícia disse estar sob pressão para fazer uma prisão.

Fonte: Verdade Gospel

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