Irã instala centrífugas avançadas para acelerar atividade nuclear, diz AIEA
O Irã começou a instalar centrífugas avançadas em sua principal usina de enriquecimento de urânio, informou a agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (21). Desafiadora, essa medida irritou as potências mundiais poucos dias antes da retomada de uma negociação com Teerã.
Em relatório confidencial, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que 180 centrífugas do tipo IR-2m foram ligadas na usina, perto da cidade de Natanz, no centro do país. Elas ainda não foram acionadas.
Se funcionarem corretamente, essas máquinas poderão permitir que o Irã acelere significativamente a construção do seu estoque de urânio enriquecido, um material que o Ocidente teme que possa ser usado no desenvolvimento de armas atômicas. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
A chancelaria britânica disse que as conclusões da AIEA provocam "séria preocupação", e o governo de Israel declarou que o relatório "prova que o Irã continua a avançar rumo ao limite que o primeiro-ministro ( de Israel, Benjamin Netanyahu ) estipulou em setembro no seu discurso à ONU".
Na ocasião, Netanyahu declarou que o Irã estava próximo de acumular material suficiente para uma bomba atômica , mas que Israel não permitiria que esse ponto fosse atingido.
Enquanto isso, parlamentares dos Estados Unidos estão redigindo um projeto de lei destinado a impedir o Banco Central Europeu de fazer negócios com o governo iraniano, de modo a impossibilitar Teerã de usar euros para desenvolver seu programa nuclear.
O projeto, ainda em etapa preliminar de redação, teria como alvo o sistema de compensações internacionais do BCE, estabelecendo penalidades econômicas dos EUA contra entidades que usarem o Banco Central Europeu para fazer negócios com o governo iraniano, informou um assessor parlamentar nesta quinta sob condição de anonimato.
O assessor revelou a ideia antes de uma nova rodada de negociações, na terça-feira, em que grandes potências esperam convencer o governo iraniano a conter seu programa nuclear, que os EUA suspeitam servir de fachada para o desenvolvimento de armas atômicas.
Não está claro quantas novas centrífugas o Irã planeja instalar em Natanz, onde cabem milhares dessas máquinas. Uma nota da AIEA aos Estados membros, no fim do mês passado, sugeria que podem ser até 3 mil, aproximadamente.
Há anos o Irã tenta desenvolver centrífugas mais eficientes que a errática IR-1, modelo dos anos 1970 atualmente em uso. A introdução do novo modelo para uma produção em grande escala sofre atrasos e dificuldades técnicas, segundo especialistas e diplomatas.
A instalação das novas centrífugas confirma a recusa iraniana em ceder à pressão ocidental para que restrinja seu programa nuclear e pode complicar ainda mais os esforços para resolver diplomaticamente a disputa, sem que ela resulte em uma nova guerra no Oriente Médio.
Fonte: Ig
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