O 'inferno astral' de Dilma às vésperas da campanha
INFERNO ASTRAL – A presidente Dilma Rousseff aguarda a chegada do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no Palácio do Planalto, na semana passada (Ueslei Marcelino/Reuters)
Em dezembro do ano passado, quando o Datafolha realizou sua rodada final de pesquisas sobre a sucessão presidencial em 2013, a presidente Dilma Rousseff marcava 47% das intenções de voto no cenário contra seus futuros adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Como o porcentual de brancos, nulo e indecisos atingia 23%, era possível afirmar que a petista seria reeleita no primeiro turno. Mais: na época, as sondagens mostravam que Dilma recuperava aos poucos a popularidade perdida na esteira das manifestações que tomaram o país nos meses anteriores. No último levantamento de campo feito pelo instituto, em junho, Dilma marcou 34%. Seus oponentes ainda patinam para subir, mas o desempenho da petista já não assegura a vitória no primeiro turno. Há menos de duas semanas, Dilma ouviu xingamentos e vaias das arquibancadas durante a abertura da Copa do Mundo em São Paulo e, no último sábado, teve seu nome oficializado na corrida eleitoral em uma tensa Convenção Nacional do PT. No evento, coube ao presidente do partido, Rui Falcão, verbalizar a preocupação que aflige dez entre dez dirigentes petistas às vésperas do início da campanha: "Já se tornou lugar comum dizer que esta eleição será a mais dura, a mais difícil de todas. E os fatos mostram que sim".
Rui Falcão estava certo. Nos últimos dias, até arranjos que a equipe de Dilma dava como garantidos começaram a ruir. Em menos de uma semana a presidente-candidata foi abandonada pelo PTB, que anunciou apoio a Aécio Neves, foi surpreendida pelo movimento "Aezão", no Rio de Janeiro, e agora tenta desatar nós que colocam em risco o apoio de siglas como PP e PR. O primeiro realizará sua convenção amanhã, mas sequer convidou Dilma para o evento, num sinal claro de que ela não é unanimidade. O segundo adiou a decisão para o próximo dia 30 e já deixou claro seu recado: o apoio à chapa petista está condicionado a mais cargos em seu quinhão predileto no governo federal, o ministério e as autarquias dos transportes.
Nem mesmo o PMDB facilitou a vida da presidente: a convenção do partido que definiu apoio a Dilma teve votação foi muito mais apertada (59% a favor) do que o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), planejava. Nesse caso, os entraves estarão em palanques estaduais importantes, como Bahia e Ceará.
Não é por acaso que os próprios petistas veem nessa a disputa eleitoral mais difícil desde 2002.
Fonte: Veja
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