Churrascão anti-homofobia reúne dezenas em Pinheiros


“Agora, neste exato instante alguém está sofrendo a mesma violência que eu sofri em algum canto desta cidade e ninguém vai ficar sabendo”, disse o estudante de Direito André Baliera, 27 anos, durante o Churrascão das Cabras que reuniu cerca de 100 manifestantes na esquina da avenida Henrique Schaumann com rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, na tarde deste sábado (8), em protesto contra as agressões sofridas por Baliera no mesmo local.
O estudante foi espancado por Bruno Portieri e Diego Mosca na noite de segunda-feira (3). Ambos estão presos por tentativa de homicídio e lesões corporais. Três pessoas que testemunharam o espancamento disseram à polícia que o motivo da agressão foi o fato de Baliera ser gay. 

“Só existe esta mobilização porque foi aqui (uma região nobre da cidade)”, disse o estudante.
“Sem dúvida este caso só teve tanta repercussão porque aconteceu aqui”, disse o ativista gay André Fischer. “Isso acontece todos os dias na periferia mas é coisa que a gente não vê. O André foi para as redes sociais e mostrou a revolta dele. As pessoas se identificam com isso”, completou Fischer.
Números apontam o aumento no registro de casos de crimes de homofobia no Brasil nos últimos anos. Levantamentos feitos pelo Grupo Gay da Bahia mostram que em 2007 foram registrados 122 assassinatos de gays. Em 2008 foram 189; em 2009, 200 e em 2010, 260. Este ano o governo apresentou um levantamento oficial com o registro de 278 assassinatos de homossexuais em 2011.
Existem poucas pesquisas sobre agressões motivadas por homofobia no Brasil. Um levantamento feito junto aos participantes da Parada Gay de São Paulo em 2005 mostrou que 72% dos entrevistados haviam sido alvo de discriminação e 65% sofreram algum tipo de agressão física ou verbal.
“O que mudou é que hoje mais gente tem coragem de denunciar. Antes a gente ia para casa, ficava uma semana chorando, dizia que tinha sido outra coisa, um assalto. Não tem mais nem menos casos do que tinha alguns anos atrás”, disse André Fischer. 
As dezenas de pessoas que participaram do protesto – muitas delas heterossexuais -- carregavam cartazes contra a homofobia e com a frase “somos todos André”. Com humor, eles aproveitavam os sinais fechados para mostrar os cartazes aos motoristas que respondiam com buzinaços.
Além de conscientizar a população quanto aos direitos dos gays, os manifestantes pediam a aprovação do projeto de lei complementar 122, que transforma a homofobia em crime a exemplo do que já acontece com o racismo.
“Se o racismo é crime, por que a homofobia não pode ser? Por que essa hierarquização do preconceito?”, questionou Baliera, que é aluno da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco e ainda apresenta os hematomas da agressão.
O estudante de emocionou quando foi abraçado pelo frentista Francisco Laércio, que trabalhava no posto de gasolina no momento das agressões e ajudou a socorrer Baliera. “Quando vi aquilo fiquei revoltado. Tive a sensação de que o pessoal usa a impunidade que existe no Brasil para praticar este tipo de covardia. Ontem foi com ele, que é gay, amanhã pode ser comigo, que sou nordestino”, disse Laércio, que é natural do Ceará. “Mas fico animado de ver as pessoas aqui protestando, mostrando que não são bobas e que o Brasil não é só o país da bunda de fora e da impunidade”, completou.
Fonte: IG

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