Cracolândia volta a ter 'procissão' de viciados após ação da prefeitura
A ação da Prefeitura de São Paulo na cracolândia dispersou usuários do largo Coração de Jesus, região central de São Paulo, local onde a venda e o consumo de crack ocorriam livremente.
A área voltou a ser palco de "procissões" de centenas de viciados que procuram um novo local para se estabelecer.
A dispersão começou na manhã de ontem, quando assistentes sociais e funcionários de limpeza da prefeitura retiraram os usuários de drogas e limparam a rua.
Inicialmente, a "procissão" deu a volta no quarteirão e parou em frente a um dos hotéis onde estão os moradores da "favelinha" removida dois dias antes.
Horas mais tarde, o grupo foi para a calçada da rua Barão de Piracicaba, depois voltou para perto do hotel, e,por volta das 19h, estava novamente na quadra do largo, na Barão de Piracicaba.
Surpreendidos, motoristas que passavam pela região chegaram a dar marcha à ré quando viram os usuários circulando pela área.
Em 2012, a operação da Polícia Militar na região foi criticada porque policiais provocaram "procissões" semelhantes na tentativa de dispersar os viciados.
Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a revitalização completa do largo Coração de Jesus é a próxima etapa do programa.
'FISSURA'
A visibilidade da ação da prefeitura e as "procissões" dificultaram a compra de pedras de crack, segundo relatos ouvidos pela Folha.
A falta da droga elevou a tensão na região, que estava mais tranquila nos primeiros dias da operação.
"As coisas estão mudando por aqui, está ficando mais difícil pra gente", disse uma usuária vestida com uniforme do programa da prefeitura. Ela havia acabado de cumprir a jornada de quatro horas de trabalho, requisito para receber os benefícios do projeto.
Outro usuário disse que estava tentando reduzir o vício. "Estou quase mordendo corrente pra não fumar", disse.
Após declarar anteontem que o projeto da prefeitura havia "mudado a cara" da cracolândia, Haddad disse encarar a questão como um problema permanente.
"É um processo inédito e ousado que exige monitoramento diário. Eu orientei todos os secretários, não tratem como um programa e sim como sendo uma crise permanente", disse o prefeito, que visitou a região de surpresa.
Ele conversou com servidores e participantes do programa. Uma mulher vestida com o uniforme distribuído pela prefeitura para o serviço de varrição o cobrou diversas vezes a falta de luvas de borracha, botas e um segundo uniforme para trabalhar.
Visivelmente irritado, Haddad respondeu que iria providenciar o material.
O prefeito também foi abordado por um homem que lhe pediu ajuda para manter a guarda da filha que havia acabado de nascer.
Haddad ordenou a um assessor que anotasse as informações do homem.
Fonte: Folha
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