Bruno está sentado no banco dos réus: 'Estou tranquilo'

Muito mais magro e com a cara fechada, o goleiro Bruno entrou no plenário do Fórum de Contagem às 15h35 desta segunda-feira. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues perguntou se ele gostaria de ser julgado nesta data e o ex-atleta respondeu: "Sim. Estou tranquilo". O ex-goleiro sentou na primeira fila do banco dos réus, ao lado de Dayanne, sua ex-mulher.

Bruno permaneceu de cabeça baixa e rezando baixinho durante o julgamento. Nas poucas vezes que o ex-atleta levantou a cabeça, olhou somente para os advogados. Em algum momento, o goleiro olhou para a platéia e avistou Ingrid Calheiros, noiva do acusado, e piscou e sorriu levemente.

A mãe das filhas de Bruno está na primeira fileira do banco dos réus e não olhou para a ex-namorada do goleiro, Fernanda. Com expressão fechada, Bruno segue olhando fixamente para a frente. Ele está com o uniforme vermelho, do presídio, e sem algemas. Poucos minutos depois, às 15h52, Macarrão, pediu para se retirar do plenário por não estar se sentindo bem. A juíza concedeu o pedido. Apenas Bruno, Dayanne e Fernanda permanecem no banco dos réus.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, ganhou 10 dias para apresentar novo advogado de defesa. O acusado foi conduzido escoltado, de uniforme de presidiário e sem algemas, até a magistrada. Ela perguntou se ele aceitava ser defendido por um defensor público. Após a negativa de Bola, a juíza então estipulou o prazo para que o acusado apresente novo advogado. Dessa forma, seu julgamento não ocorrerá neste Tribunal do Júri. Os advogados de Luiz Ferreira Romão, o Macarrão, desistiram de abandonar o júri. 
Advogado de defesa abandona caso
O advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, Ércio Quaresma, decidiu abandonar seu cliente durante o julgamento iniciado nesta segunda-feira. Ércio Quaresma alegou cerceamento de defesa. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues estabeleceu prazo de 20 minutos para os advogados alegarem seus pedidos preliminares, alegando "respeito à pessoa humana". O tempo, contudo, foi considerado inadequado. 
Depois de três horas de atraso e muita confusão entre os defensores dos réus, a magistrada instaurou a sessão de julgamento do caso Eliza Samudio, às 12h01 desta segunda-feira. A magistrada estabeleceu prazo de 20 minutos para os advogados alegarem seus pedidos preliminares, alegando "respeito à pessoa humana".
Rui Pimenta questionou o prazo de 20 minutos estabelecido para as alegações das defesas dos réus. Ele afirmou que é imprescindível que Jorge Lisboa Rosa, que à época do crime contra a modelo tinha 17 anos e revelou a trama, participe do julgamento.
Advogado de Bola tumultua sessão
Mais cedo, Ércio Quaresma tumultuou o plenário. "Se ela (juíza) continuar, vai fazer o julgamento sozinha. Vou embora", ameaçou. O defensor alega que, desde a sua entrada no plenário, o direito de defesa dos réus está sendo cerceado pela magistrada. O advogado disse que pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Tenho a presença aqui de Luiz Flávio Gomes, não preciso de mais nada", disse Quaresma, referindo-se a um dos mais renomados criminalistas do País, que está presente na plateia do Tribunal de Justiça de Contagem.
Em sua última reclamação, Quaresma pediu que o tribunal disponibilize uma cópia da mídia usada durante o julgamento. O defensor alegou que precisa ter o equipamento disponível em seu computador para ter direito à defesa plena. A mídia solicitada pelo advogado é a transmissão em vídeo dos depoimentos dos réus e testemunhas.
Ele afirmou que, em ocasiões anteriores, a cópia não foi disponibilizada para a defesa. A juíza, por sua vez, afirmou que disponibilizou as imagens, de acordo com o direito de preservação de imagem das testemunhas. Caso quisessem, os advogados poderiam copiar tanto as filmagens dos interrogatórios dos réus, quanto das testemunhas. "Tem dois anos que o processo está em curso e a defesa poderia ter solicitado as imagens", afirmou, categórica, a juíza Marixa Fabiane, após nova tentativa do advogado de tumultuar o início da sessão.
Sete jurados que tinham conhecimento do processo e participaram da audiência anterior foram dispensados pela juíza. Ela alega que essas pessoas não podem participar do julgamento. Quaresma retrucou, pedindo a presença dos jurados. Ele prometeu recorrer ao Tribunal de Justiça de MInas Gerais, por meio de habeas corpus, contra a dispensa.
A magistrada então perguntou aos jurados, que participaram de outro júri que absolveu Bola, se eles estão aptos a participar do julgamento. Eles decidiram não participar e foram dispensados. A juíza anunciou ainda que cinco jurados pediram dispensa por motivos de saúde e trabalho. Os pedidos foram acatados por ela.
Quaresma sugeriu à juíza que autorizasse a transmissão ao vivo do julgamento, com objetivo de liberar alguns lugares na plateia ocupados por jornalistas. A magistrada, contudo, afirmou que uma equipe do Tribunal de Justiça está gravando a íntegra do julgamento e que os advogados terão acesso ao conteúdo posteriormente.
'Oramos e lemos a bíblia', diz noiva
Noiva de Bruno, a dentista Ingrid Calheiros chegou ao 2º Tribunal do Júri por volta das 8h04 desta segunda-feira. "Visitei ele (Bruno) ontem (domingo), oramos muito e lemos a bíblia. Se a justiça for feita, o Bruno vai ser absolvido. Não sei o que aconteceu com essa moça (Eliza). Jamais ficaria ao lado de um homem que fizesse tal coisa", afirmou Ingrid, que entrou no fórum acompanhada de advogados. 
Creusa Aparecida, tia de Bruno, crê na absolvição do arqueiro. "A família tem esperança. A avó do Bruno é muito ligada a ele e está confiante que tudo vai dar certo. Encontramos conforto em Deus", disse. A movimentação é intensa no entorno do fórum, com a presença de curiosos e imprensa. Um forte esquema de segurança foi montado. Bruno vai responder por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
A ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, chegou ao fórum acompanhada do irmão. Ela é acusada de sequestro e cárcere privado de Bruninho. Visivelmente nervosa antes do início do julgamento, Dayanne disse que está bem e tentando manter a calma. Ela foi colocada em uma sala perto do plenário, para evitar o assédio da imprensa.
Fonte: O Dia

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