Com paradeiro incerto, americano que vazou rede espiã lutará contra extradição
Edward Snowden , o ex-funcionário terceirizado da CIA que vazou programas de monitoramento secreto dos EUA, prometeu, em entrevista ao jornal South China Morning Post, que vai lutar contra qualquer tentativa das autoridades de extraditá-lo de Hong Kong. Ele também disse que não era "nem um traidor nem um herói. Eu sou um americano".
Snowden afirmou que pretende levar seu caso à Justiça local. "Minha intenção é questionar as cortes e o povo de Hong Kong para que eles decidam meu futuro", disse. "Não tenho nenhuma razão para duvidar do seu sistema."
Essa foi a primeira entrevista concedida por Snowden desde que ele deixou o hotel em Hong Kong na segunda-feira. O paradeiro de Snowden, que virou destaque em todo mundo ao revelar-se como a fonte do vazamento, continua incerto.
Dois dias após deixar o hotel em Hong Kong onde falou ao jornal britânico The Guardian que não tinha "nenhuma intenção de esconder quem eu sou, porque sei que não fiz nada errado", Edward Snowden se tornou difícil de ser encontrado nesta quarta-feira, embora seja a figura central de uma notícia que chamou atenção do mundo todo.
Snowden, durante sua entrevista concedida no domingo ao jornal britânico, disse que gostaria de evitar os holofotes da mídia, destacando que não queria que "a história seja sobre mim. Eu quero que seja sobre o que o governo americano está fazendo".
Com pouca novidade para registrar sobre o paradeiro de Snowden, os jornais mais importantes de Hong Kong, e outros ao redor do mundo, foram atrás de sua namorada americana, uma dançarina que publicou fotos suas parcialmente nua antes de, aparentemente, desaparecer também.
"Espião foragido: namorada à vontade", afirmava o jornal Apple Daily em sua manchete acima de uma foto de Lindsay Mills, 28 anos, que estava postada de seu blog, que já foi retirado do ar.
É improvável que Lindsay esteja viajando com Snowden, cujo paradeiro acredita-se ser Hong Kong.
O jornal Apple Daily citou fontes não identificadas do departamento de imigração de Hong Kong dizendo que não havia registros de Snowden deixando o território. Um porta-voz do departamento, em condição de anonimato, disse que não poderia confirmar a informação dos documentos, porque ele não estaria autorizado a falar sobre casos individuais.
O repórter Ewen MacAskill, do jornal britânico The Guardian, que entrevistou Snowden sobre suas revelações, escreveu na noite de terça-feira que "acredita-se" que Snowden esteja agora em uma casa privada em Hong Kong, mas não forneceu outros detalhes.
O jornalista Glenn Greenwald , do Guardian, que também falou com Snowden em Hong Kong, deu uma série de entrevistas sobre o caso, mas se recusou a revelar qualquer informação sobre o paradeiro de Snowden ou seus futuros planos.
Apesar da incerteza, os partidários do americano de 29 anos em Hong Kong organizaram uma marcha com a participação de ativistas locais pró direitos humanos e políticos que vai passar em frente ao consulado dos EUA na tarde de sábado (15).
"Pedimos a Hong Kong que respeite os padrões legais internacionais e procedimentos relacionados à proteção de Snowden; condenamos o governo americano por violar nossos direitos e nossa privacidade; e pedimos aos EUA que não processem Snowden", disseram os organizadores do protesto em um comunicado à imprensa.
Snowden chegou em Hong Kong de sua casa no Havaí em 20 de maio, pouco depois de deixar a empresa Booz Allen Hamilton, contratada pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, sigla em inglês), que desde então o demitiu.
Algumas perguntas permanecem em aberto, especialmente sobre o por que Snowden escolheu ir a público em Hong Kong , uma região autonôma da China que mantém um estilo ocidental no que concerne ao sistema judiciário e à liberdade de expressão. Hong Kong possui um acordo de extradição com os EUA, mas há exceções em casos de perseguição política ou quando há preocupações de que o indivíduo possa vir a receber um tratamento cruel ou humilhante.
Autoridades americanas ainda devem fazer um pedido de extradição para Hong Kong. Snowden pode considerar deixar a cidade para alguma outra jurisdição ou país que não possua acordos de extradição com os EUA, como a China. Snowden não deu nenhuma indicação de que esteja preparado para cooperar com nenhum serviço de inteligência estrangeiro, incluindo o da China.
Fora da Ásia, Snowden pode considerar pedir asilo em país como a Islândia ou a Rússia. Segundo o jornal Kommersant Daily, Moscou disse que consideraria a opção .
Fonte: IG
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