Cardeal nega encontro com Russomanno antes de debate


O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, se negou a encontrar com o candidato Celso Russomanno (PRB) antes do debate que será organizado pela Igreja Católica na quinta-feira (20), segundo a assessoria de imprensa da Cúria Metropolitana. Nesta terça-feira (18), o candidato havia condicionado sua participação no colóquio à realização de uma reunião prévia "informal e em particular" com o líder religioso.

 

O pedido de encontro foi feito pelo deputado Campos Machado, presidente do PTB e conselheiro político da campanha de Russomanno, no fim da tarde desta terça. O objetivo era que o candidato e o cardeal conversassem sobre a polêmica em torno de um texto publicado pelo coordenador da campanha do candidato, o pastor Marcos Pereira, em seu blog.

O post, que associou a Igreja Católica ao "kit gay", provocou a divulgação de uma nota de repúdio da Arquidiocese de São Paulo na quinta-feira (13). No domingo (16), Dom Odilo emitiu um novo texto em que faz críticas a Pereira e condena a transformação de templos e organizações religiosas em currais eleitorais.

Dom Odilo, que se prepara para embarcar para Roma em outubro, alegou um problema de agenda para não receber Russomanno antes do debate promovido pela Igreja Católica, mas não descartou receber o candidato antes da viagem. Outro motivo mencionado pelo líder religioso para não se encontrar com o candidato do PRB na véspera do colóquio, segundo a assessoria de imprensa da arquidiocese, foi que isso poderia causar um mal-estar com os outros candidatos, uma vez que não estava previsto nas regras do encontro.

Segundo a cúria, dez padres da arquidiocese foram escolhidos para fazer perguntas aos candidatos sobre problemas de São Paulo, abordando temas como moradores de rua, moradia, habitação, entre outros. Parte do auditório será reservada a religiosos; a outra parte será aberta ao público. Os lugares serão preenchidos por ordem de chegada. O debate acontecerá na quinta-feira (20), das 15h às 17h, no Teatro Fernando Torres, no Colégio Agostiniano Mendel, no bairro do Tatuapé, na Zona Leste da capital.

Para o encontro, foram convidados os cinco melhores colocados na pesquisa de intenção de votos do instituto Datafolha, publicada em 29 de agosto. Além de Russomanno, foram convidados José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS).

Polêmica

O texto publicado em maio de 2011 no blog do pastor Marcos Pereira voltou a circular nas redes sociais ao longo da campanha. Nele, o pastor associou o "kit anti-homofobia", que ficou conhecido como "kit gay", à influência da Igreja Católica.

Na época, Fernando Haddad, então ministro da Educação e atual candidato do PT à Prefeitura da capital, foi chamado para explicar os vídeos para a bancada evangélica da Câmara dos Deputados. Em meio à polêmica, a presidente Dilma Rousseff suspendeu o material.

Na nota de repúdio, a Arquidiocese de São Paulo afirma que o PRB, de Russomanno, é "manifestadamente" ligado à Igreja Universal. Neste domingo (16), Dom Odilo leu durante uma missa na Catedral da Sé um novo texto, intitulado "Política, com ofensas à Igreja, não!", em que condena o que ele classifica de “instrumentalização da religião, em função da busca do poder político”.

“Atribuir o malfadado “Kit Gay” e os males da educação no Brasil à Igreja Católica não faz nenhum sentido e cheira a intolerância religiosa, que nunca foi e nem deverá ser alimentada ou incentivada. Atribuir esses males à influência do Vaticano é um disparate tão grotesco que, sendo verdade o tão propalado currículo, o dono dele deve ter passado por um devaneio”.

O cardeal reafirmou as críticas feitas pela arquidiocese ao pastor Marcos Pereira. “Entendemos que o voto dos cidadãos é livre e não deve ser imposto aos fiéis, como por 'cabresto eleitoral', pelos ministros religiosos; nem devem nossos templos e organizações religiosas ser transformados em 'currais eleitorais'.” Os textos foram publicados no site da Arquidiocese de São Paulo.

Fonte: G1

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